Lancha Tapajós (1º plano) no porto de Santarém e no momento em que era consumida pelo fogo, no rio Amazonas

A notícia foi negada por assessores da empresa, porém, a imprensa local tomou conhecimento que no final da tarde de quarta-feira, dia 27, a lancha Tapajós, da empresa Viação Tapajós, que faz viagem para o município de Monte Alegre, pegou fogo no meio do rio Amazonas. Na embarcação havia cerca de 50 pessoas. Felizmente não houve vítimas.

Os passageiros foram resgatados por moradores da comunidade Bom Jardim, que fica próximo à cidade. De acordo com informações repassadas pelo repórter Hélio Sibiê, da Rádio Mirante FM, de Monte Alegre, a embarcação afundou depois que pegou fogo. Uma outra lancha da empresa seguiu de Santarém para resgatar os passageiros. Na chegada a Monte Alegre, o jornalista Hélio Sibiê entrevistou algumas pessoas, que estavam bastante abaladas com o incidente.

Em Santarém, funcionários da Viação Tapajós, por telefone, não confirmaram o incidente com a lancha e disseram que houve apenas uma pane, que causou um pequeno curto-circuito. Porém, na quinta feira, o cenário se modificou, o gerente da empresa, conhecido por César, em contato com nossa reportagem, confirmou que houve realmente o acidente, e mais ainda, que os passageiros da lancha que perderam seus pertences, bagagens e cargas, procurassem a sede da empresa para as devidas providências.

Cuidados - Para quem não sabe, este tipo de embarcação, segundo especialistas, por ser construída em fibra de vidro, não é adequado para navegação em nossos rios, pois o modo como navega, com parte dela acima da superfície da água, é mais vulnerável. Qualquer obstáculo, pau, pedra e vegetação, ao chocar pode levar a lancha a pique.

Relato de um passageiro - O leitor Elanilson Garcia, passageiro da lancha Tapajós, que pegou fogo no final da tarde de quarta-feira (27), relatou momentos de pânico vivido pelos passageiros da embarcação durante o incidente.

“Primeiro, quero dizer que a informação é verdadeira. Eu sou um dos sobreviventes. A lancha começou a fumaçar dentro do porão e o fogo foi descoberto por passageiros. A tripulação demorou a tomar uma decisão. Só usaram os extintores de incêndio quando não havia mais o que fazer. Nós (passageiros) pedimos para que colocassem a lancha para a margem, pois a lancha navegava no meio do rio Amazonas. E eles nada faziam. Não nos davam nenhum esclarecimento e só pediam calma. Só após o fogo tomar conta de toda lancha foi que eles foram rápidos em jogar os botes salva-vidas no rio. Graças a Deus todos nós saímos com vida. Faltou preparo por parte da tripulação, pois deveria ter uma pessoa onde fica o motor. Acho que a culpa é da equipe da manutenção”, disse o leitor.

Em Santarém, vários passageiros que retornaram e não completaram a viagem, estão se dirigindo à Delegacia de Polícia Civil, para registrar BO, sobre o incêndio e sobre perdas materiais. Nessa época do ano, a navegação nos rios Amazonas e Tapajós se torna perigosa, devido as constantes chuvas, que colocam pedaços de pau e pedra dentro do leito dos rios.

Monopólio já denunciado – Semanas atrás publicamos matéria reveladora sobre a atuação da empresa Tapajós em nossa região. As empresas de transportes da região, tanto as que operam no ramo de navegação quanto as que utilizam ônibus, estão preocupadas com o que no mercado é visto como “dumping”, que é uma prática adotada quando empresas de grande porte irregularmente baixam os preços de seus serviços ou produtos com objetivo de fazer empresas de pequeno porte fecharem as portas, na falência. Na região Oeste do Pará, esta prática completamente fora de ética está sendo praticada pela Empresa Tapajós, comandada pelo empresário de pré-nome Hugo, que segundo dizem, é proprietário da empresa de Transportes urbanos Ouro e Prata, que faz linha para os municípios localizados na Transamazônica e Santarém/Cuiabá, agora está partindo para ter o monopólio no transporte fluvial.

As lanchas que fazem linha para os municípios da Calha Norte já estão dominadas pela Empresa Tapajós, que possui lanchas tipo ferryboat. As empresas que operavam fazendo linha para Alenquer, Juruti, Óbidos, Oriximiná e Monte Alegre, foram deixadas para trás, após a Empresa Tapajós entrar na área. Os vereadores de Itaituba entraram com um pedido junto ao Ministério Público Estadual daquela Comarca, solicitando a entrada de mais uma lancha na linha Itaituba/Santarém/Itaituba. Na ocasião, eles informaram que a Câmara Municipal de Santarém estava de acordo com eles. Porém, o presidente da Câmara de Santarém, vereador José Maria Tapajós, desmentiu esse acordo e disse que tudo depende da Arcon, que é responsável pela fiscalização do transporte fluvial no estado do Pará, porém, está “aceitando” esse tipo de monopólio.