sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Carta Aberta aos Camaradas do Psol Amazonas







Hoje acordei com saudade de tudo, talvez eu tenha vivido em uma época das reuniões sem fim, falo dessas coisas neste momento porque é um dos males que assombram a esquerda política Brasileira. Eu já devo ter assistido a umas centenas de reuniões. Discutimos infinitamente para chegar a uma certeza da qual partíamos. Esse é o drama da esquerda comunista/socialista. Mesmo assim lembro com saudade daquelas tardes românticas de domingo no Diretório Central dos Estudantes – DCE- UFAM.

Falar da minha militância política me causa nostalgia. Nós duros, planejando ações ambiciosas como, por exemplo, tornar a cidade de Manaus, mas justa, igual e fraterna para todos e quem sabe despertar nas mentes e corações da população amazonense o socialismo. Tudo isso apenas movido no imaginário da nossa juventude. Nós queríamos tudo e não tínhamos nada. Queríamos instalar o socialismo, sem armas, só com apoio de alguns combativos sindicatos que não se venderam, que não se renderam para a estrutura financeira do estado, tudo na base do desejo e do querer. Ninguém precisa de muito dinheiro, porque a verdade sempre esteve ao nosso lado. Talvez nossas ideologias justificassem a nossa própria ignorância.

Eu com aquele olhar arrogante de líder estudantil desafiando o sistema apenas com um monte de palavras feitas. E o Frank (meu diretor de Cultura na época da União Municipal dos Estudantes Secundarista – UMES) me perguntava como vamos tomar o poder aqui sentado nesta sala imunda, sem nada, sem um projeto de nação? Ai eu gritava só o socialismo salva o Brasil, mas esquecia que socialismo é muito maior que algumas palavras de ordem.

No entanto como era delicioso sentir-se importante, como eram boas aquelas noites de mobilizações e de reuniões sem fim. Tudo nos parecia claro. Nós oradores surfando em meia dúzia de palavras que eram a chave de tal realidade amazonense. Até que chegava a hora fatal o que fazer ai ninguém sabia de nada. Na hora da solução nos dava um branco. E tudo se esvaia porque os fins eram muito claros, mais os meios inacessíveis para nossa realidade.

Hoje acordei com saudade daquelas noites dos meus românicos 18 anos. Até hoje esse surto de Leninismo ainda me causa arrepio, como era gostoso nosso socialismo. Era bom se sentir superior a um mundo povoado de “burgueses, caretas”, era assim que classificava a humanidade.

E todo esse charme vinha sem esforço; bastará ler os Bolchevisques, Manifesto Comunistas alguns livros da Academia da URSS e o discurso estavam prontos. Eu podia vestir minha camisa do Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido por Che Guevara ou El Che o mais famoso revolucionário comunista da história de peito aberto ao vento.

Falo nisso nesse momento para justiçar minhas posições políticas nesta eleição.

Continuo acreditando na luta da classe trabalhadora, da juventude e do povo como instrumento que pode levar à conquista de emprego, salário, terra, saúde, educação, à defesa dos direitos dos segmentos oprimidos e principalmente na defesa do meio ambiente, hoje ameaçado pelo capitalismo selvagem.

Entrei no Psol quando o Partido ainda era apenas um sonho, onde acreditávamos que era possível transforma utopias em lutas, sonhos em realidade. Não pretendo aqui ser o dono da verdade ou dizer que o partido é de quem chegou primeiro, mas quero explicar os motivos que me levaram aderir de imediato ao novo partido.

Entrei no Psol por acreditar que é possível sonhar e lutar pela concretização dos sonhos.

Entrei no Psol por acreditar no projeto de sociedade, com fartura para quem trabalha, por acreditar no exercício da democracia plena onde a maioria determina as políticas de estado.

Entrei no Psol pelo projeto político que sinaliza a realização do ser humano em sua plenitude, por acreditar no resgate das lutas que não se enterram com a lama do planalto, as lutas históricas que não pertencem apenas a um partido político, mas são patrimônios da luta da classe trabalhadora.

Não me conformei com a traição e a guinada do Partido dos Trabalhadores – PT, também não fiquei esperando que o mesmo se purificasse, de imediato iniciamos a construção de uma nova alternativa partidária capaz de preencher o espaço abandonado, uma alternativa partidária de luta, que combatesse o modelo neoliberal e o governo que aplica, que fosse democrático, plural e de massas, liberta de qualquer doutrinarismo, com mecanismo que garantam a participação ativa da militância, com pleno direito de tendência e profundo respeito às minorias e ao direito de opinião.

Até 2002, Lula e o PT representava, no imaginário popular, a possibilidade de mudanças estruturais na sociedade brasileira. Porém, o que se viu, notadamente a partir de 2002, foi um Lula que fez alianças com diferentes setores das elites políticas para chegar ao poder (Antonio Carlos Magalhães, Sarney, Maluf e o PL, hoje PR são exemplos). A Carta ao Povo Brasileiro, escrita por Lula em 2002, foi prenúncio do que viria: um governo neoliberal mero continuidade do governo Fernando Henrique Cardoso.

Mesmo assim, a população brasileira foi às urnas e fez uma opção que há pouco tempo era inimaginável para muitos. Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-torneiro mecânico e ex-vendedor de picolé membro do Partido dos Trabalhadores, foi eleito presidente da República. Lula e o PT, historicamente ligados à nova esquerda que emergiu após a ditadura militar, representavam para muitos a transformação social. Porém, logo em seguida, ficou claro que o que para muitos parecia ser uma revolução democrática não passou de um estelionato eleitoral sem precedentes: Lula e o PT adotaram uma linha de conciliação de classes, uma traição à classe trabalhadora, que em nada ajudou a mudar a estrutura social brasileira.

E foi neste contexto que nasceu a proposta de um novo partido socialista, um partido efetivamente plural, democrático, capaz de aglutinar diversos setores sociais rumo ao socialismo. Sua construção é fruto do sonho de milhares de trabalhadoras e trabalhadores, de estudantes, de intelectuais, de desempregados, de camponeses e de outros setores sociais, populares e excluídos que não foram coniventes com os assaltos às suas categorias, que não compactuaram com a submissão às políticas burguesas e aos banqueiros, que não aceitaram se submeter a uma política de programas mínimos.

O P-SOL pode ser hoje a recuperação do sonho roubado pelo Partido dos Trabalhadores. Um partido que não se encastelou na verdade absoluta revolucionária, ao contrário do que outros agrupamentos com nomes socialistas e comunistas fizeram, até porque o próprio partido faz uma leitura adequada declarando que não há uma receita para a concretização de um modelo socialista. Qual será o modelo para o socialismo brasileiro? Esta pergunta será respondida na sua própria construção, sem messianismos nem vai sair da cabeça de seres iluminados ou pseudos socialista.

Como militantes, temos o dever histórico de não repetir os erros do passado e aprender com eles. E é por isso que denunciamos alguns erros que estão sendo cometidos e podem custar muito caro ao P-SOL. Está se ferindo um princípio básico de um partido socialista: a democracia e o respeito pelos pensamentos da base. Nosso direito de voz será reivindicado e defendido por todos e cada um dos militantes. Por isso declaramos em alto e bom som: NÃO NOS CALARÃO! Porque o as vozes das ruas os fará ensurdecer.

Agora perguntamos: que esquerda é essa que vota declaradamente em Serafim, fato divulgado em todos os meios de comunicação da Cidade, sendo aprovado pela a maioria do partido, até mesmo pelas alas ditas radicais, desconsiderando todo o nosso acúmulo construído até agora, traindo a base social e militante do Psol.

Insistimos, a base não está aqui para homologar qualquer tipo de decisão das Executivas.

É importante Lembrar o total abandono da maioria dos ditos quadros do partido em relação à última eleição quando se quer pediram votos para nossos candidatos, tanto na proporcional, quanto na majoritária. Não sei e não conheço o canal que ligue o militante com a instância de construção de núcleos.

Queremos uma executiva atuante onde os dirigentes, não sejam um mero jogo de cena para manter o status quo no partido.

Acreditamos que o P-SOL deve ter em seu programa e em sua atividade política um projeto extra-institucional apoiando a formação dos trabalhadores, incentivando a pedagogia libertária e apoiando a independência dos movimentos sociais. Fornecer meios para a libertação do trabalhador frente à opressão burguesa deve ser a principal luta desse novo partido. Muito se fala sobre essa forma de atuação partidária e muitos são os textos do partido que apóiam essa iniciativa, mas todo esse discurso se perde, em teoria em reuniões infindáveis, onde os fins são muito claros mais os meios longe da nossa realidade.

É bom lembrar que foi graças a milhares de militantes da base que o partido foi legalizado, colocado na institucionalidade. Militantes voluntários, que nunca receberam qualquer tipo de ganho material para ajudar na construção do partido.

Como podemos construir uma sociedade justa e democrática se, em nosso partido, as decisões são tomadas de cima para baixo? Como podemos construir uma sociedade socialista se há, em nosso partido, alguns seres iluminados e dirigentes que sabidamente possuem privilégios, por terem feito nada no passado recente.

Então, gritamos para que não usurpe esse nosso direito! Não pensem por nós e não ajam por nós! Somos críticos e queremos construir um partido e uma sociedade onde a luta seja feita dentro da realidade possível e não na cabeça dos ditos quadros partidários!

"Quando não lembramos o que nos passa nos pode acontecer à mesma coisa São essas mesmas coisas que nos marginam nos matam a memória, nos queimam as idéias, nos tiram as palavras... Se a história é escrita pelos que ganham, isso quer dizer que existe uma outra história Quem quer ouvir que ouça! Nos queimam as palavras, nos silenciam. E a voz das pessoas se ouvirá sempre Inútil é matar. A morte prova que a vida existe..." (Lito Nebbia).

O jornalista Milton Temer em artigo publicado na Fundação Lauro Campos diz “é importante é rever o rigor anti-aliancista do Psol...”, assim digo sem medo de errar ou sem medo do que meus companheiros de partidos iram pensar do meu posicionamento, é importante rever o rigor anti-aliancista do Psol. Tem pessoas seria no PT, sito aqui o Senador (Eduardo Suplicy), PDT sito o também Senador (Cristóvão Buarque), PV em nível Nacional sito o Deputado Federal (Fernando Gabeira) e em nível local sito o Deputado Estadual (Ângelo Figueira) e no PMDB sito o Senador (Pedro Simon e Fernando Moraes) este último o maior biografo Brasileiro.

Assim como nem todos aqueles que estão filiados ao PSOL são intocáveis, incorruptíveis, semideuses, um dia já cometeram seus errinhos é só procurar, a história está aí... ela não perdoa.

Não há problemas nas alianças. Ver as coisas dessa maneira é um erro.As pessoas nem sempre acertam em suas decisões, isto é, Fernando Gabeira pode ter errado ao firmar uma aliança com o PSDB no Rio de Janeiro na última eleição Municipal; Eduardo Suplicy por não ser tão ousado e independente quanto gostaríamos que fosse, mas tiveram suas razões e, é preciso respeita isso. Um pouco de tolerância faz bem!

Que Deus livre o PSOL do FANATISMO IDEOLÓGICO! Há muitos problemas para serem resolvidos antes das intermináveis discussões ideológicas que não alteram a vida do cidadão – contribuinte – eleitor.

Reitero que não há problemas nas alianças (o PSOL não se transformará em um novo PT) se proceder do seguinte modo:

I. Se das alianças não resultar um loteamento dos espaços públicos por cúpulas partidárias.

II. O Psol deve colocar nos ministérios, secretarias... Técnicos (naturalmente que tenha uma visão de mundo afinada com o programa do partido), mas antes tudo Técnicos.


III. Reduzir os cargos em comissão e funções de confiança com propunha Benjamin já em 2006. A Eficiência da Administração é um princípio constitucional...

IV. Fortalecer a democracia direta (plebiscitos e referendos), mas pra isso precisa do congresso. (E das alianças...).

V. O PSOL precisa urgentemente juridicizar os seus discursos. Estamos em um Estado de Direito. O Psol é socialista, mas também é democrático. Logo, precisa agir em consonância com o texto Constitucional e legislação Infraconstitucional.

Admitir a diversidade de pensamento é condição basilar na definição de democracia como diria Voltaire “mesmo não concordando com as palavras que você diz defenderei até a morte seu direito de dizê-las”. Em fim Xô anti-aliancismo!

As alianças podem e devem ser feitas, porém, é indispensável à avaliação histórica dos partidos. Em Macapá, por exemplo, o PSOL PERDEU, junto com o PSB para o ROBERTO GOES do (PDT), mais acabou elegendo dois vereadores, e em Porto Alegre o Psol PERDEU junto com o PV, mas elegeu dois vereadores. Em nível Estadual o Psol caminhou com o PV em Manacapuru, disponibilizando o vice na chapa PV/Psol e conseguiu a maior votação na proporcional do estado, repetindo assim a boa votação na majoritária como a melhor votação do Psol no Estado do Amazonas.

Alex Mendes Braga
É Jornalista e atualmente e o Vice-Presidente Estadual e Fundador do Psol - AM
No Movimento Estudantil foi Presidente da União Municipal dos Estudantes Secundarista – UMES e Vice-Presidente União Brasileira dos Estudantes Secundarista – UBES.

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